

O Boi Voador
Você sabia que pra Ponte Maurício de Nassau ser erguida, um boi teve de voar?
A ponte

Durante as invasões holandesas aqui em Pernambuco, Maurício de Nassau, que
decidiu construir sua casa na antiga Ilha de Antônio Vaz, atual bairro de Santo Antônio, mandou erguer uma ponte que ligasse a ilha ao resto da Cidade Maurícia, a Ponte do Recife. Ela seria a primeira ponte brasileira daquele porte, então logo se tornou motivo de orgulho para Nassau, que mandou construir um poderoso pilar de pedra na parte mais profunda do rio, com 3,66 m de comprimento por 2,44 m de largura, tanto para estudar a força da correnteza, quanto para deixar clara a sua intenção de construí-la.

As obras se iniciaram em 1641, no entanto, por causa de alguns imprevistos e pela dificuldade para se fazer uma boa fundação nas águas do Rio Capibaribe, o processo atrasou muito, o que fez com que as Autoridades de Amsterdã e a própria população começasse a desacreditar da capacidade de Nassau de finalizar e entregar a construção como havia prometido, tanto é que as pessoas costumavam falar que seria mais fácil um boi voar do que a ponte ser entregue.
Somando todos esses fatores, em 1643 o Conde decidiu terminar
a obra de qualquer forma, mesmo que tivesse de tirar o dinheiro do próprio bolso. E foi o que ele fez. Custeou o restante da construção, utilizando para o que faltava da estrutura, peças de madeira e não de pedra, como havia feito no início.
O Espetáculo do Boi
Finalmente a inauguração ficou marcada para o dia 28 de fevereiro de 1644! No entanto havia uma promessa incomum para essa festa: a de que um boi voaria! Como a ponte custou muito mais do que o planejado, Nassau decidiu que na festa de inauguração faria uma atração inédita para que a população, curiosa, pagasse o pedágio para ver e assim pelo menos uma parte do prejuízo fosse amenizada. E assim a ideia do boi voador veio a tona. Quem pagasse para ir a festa, veria de primeira mão, um boi voar!
Para que a ideia desse certo, ele pediu um boi manso para Melchior Álvares, um amigo cujo o boi era conhecido por sua mansidão. Ele e o animal subiram num sobrado e apareceram na janela de onde todo o público pode ver e depois entraram novamente, saindo de lá um boi que atravessou a ponte por cima de todas as cabeças ali presentes. Claro que o boi manso foi trocado por uma carcaça de boi preenchida de serragem, mas esse espetáculo foi muito bem recebido pelo público que ao entender a brincadeira caiu na gargalhada.
Abaixo temos uma marchinha escrita por Chico Buarque que relembra justamente esse momento icônico na história do Recife que marcou a cidade e as pessoas de forma tão positiva:
Boi Voador Não Pode, Chico Buarque
Quem foi, quem foi
Que falou no boi voador
Manda prender esse boi
Seja esse boi o que for
O boi ainda dá bode
Qual é a do boi que revoa
Boi realmente não pode
Voar à toa
É fora, é fora, é fora
É fora da lei, é fora do ar
É fora, é fora, é fora
Segura esse boi
Proibido voar